sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CANIL/GATIL DOS NOSSOS IMPOSTOS!!!! PARA LER E DIVULGAR O MAIS POSSÍVEL!! Pois só com o fim do silêncio, as mudanças podem acontecer!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Hoje o único apelo é que leiam este texto, publicado no blog:
FAUNA URBANA________http://afaunaurbana.blogspot.com/2009/08/o-canilgatil-dos-nossos-impostos.html

e que aqui vou transcrever, por ser um relato fidedigno de uma situação presenciada por mim própria e várias outras vezes repetida em outras deslocações que fiz ao canil/gatil, pelo facto de ter perdido uma gatinha de 9 anos(que está no anuncio nesta página), e que infelizmente ainda não consegui recuperar, mas que nas várias deslocações ao mesmo e devido ás condições incrivelmente horríveis em que vi os animais, senti-me obrigada a resgatar alguns... todos em péssimo estado um deles não resistiu o meu saudoso GANDHI (http://adopte-me.blogspot.com/2009/06/gandhi-mais-uma-estrelinha.html) , apesar de todos terem tido assistência veterinária e muito amor e dedicação, e tenho 3 neste momento em recuperação à cerca de 1 mês e um persa em recuperação à 2 semanas comigo, mas em enfermaria no próprio canil (por impossibilidade de fazer um tratamento diário em veterinário, mas que acabou por continuar a existir necessidade de o fazer por manifesta incapacidade de total recuperação na enfermaria do canil, onde AMAVELMENTE me perguntaram se desejaria devolvê-lo/abandoná-lo, uma vez que só teve direito a este tratamento depois de devidamente adoptado!!!!!
Sobre a minha experiência vivida no canil/gatil farei oportunamente um relato, de momento leiam este que poderiam ser palavras minhas:

O CANIL/GATIL DOS NOSSOS IMPOSTOS


Para lá chegar há que atravessar um corredor aparentemente infindável de cães acorrentados pelo pescoço.
Imóveis e assustados, aguardam que alguém os salve e os leve dali para fora, mas lamentavelmente, há quem prefira adquirir ou procriar um animal a dar uma segunda oportunidade a estas dóceis criaturas.

Findo o corredor envidraçado, e à distância de duas portas de metal, encontra-se o gatil; uma grande sala sem luz natural, repleta de boxes, e com o som inconfundível de muitos miares e alguns ladrares de cães bébés.
O cheiro é nauseabundo, devendo-se às fezes e urina que cobrem o chão. As boxes, com fundo de arame (no material da primeira foto), aleijam as patas e estão na sua totalidade desprovidas de caixas de areia, por vezes comida, e muitas vezes de água limpa, estando os recipientes sujos com algo que aparenta ser uma mistura de urina e diarreia.
Devido ao fundo desconfortável e sujo, as escoriações nas patas são comuns, e por lá deixados, as hipóteses de sobrevivência, quer por eventual abate ou doença, são quase nulas.

Integrado no departamento de Limpeza Urbana - e ironicamente, muito longe de ser higiénico - os responsáveis pelo manuseamento e interacção com os animais não são assistentes de veterinária, mas sim homens do lixo.
Os veterinários aparentam desconhecer os animais, e se juntarmos o estado debilitado em que se encontram (por vezes pior do que na rua), então é fácil depreender que a assistência veterinária encontra-se reservada somente para o momento da adopção, quando se tornam pertença de alguém.
No meio de tantos animais, encontram-se vários bébés, alguns visivelmente doentes, outros aparentemente saudáveis. Uns com as mães, outros sozinhos, alguns nascidos no local - sobre a terrível base de arame - mas todos deixados à sua sorte.
Numa deslocação vi, juntamente com mais duas pessoas, uma mãe com os recém-nascidos, alguns ainda vivos, outros esmagados contra a rede de metal, o sangue deles a escorrer para o chão já de si imundo.
É uma imagem demasiado crua e cruel para transpor para palavras.

Este é o retrato do gatil municipal de Lisboa, por detrás de portas, a anos de luz dos olhares dos media que teimam em perseguir os candidatos à presidência.
É uma realidade de terceiro mundo, de cenário de guerra, financiada pelos nossos impostos e a qual, a maioria de nós, teima em virar a cara quer por indiferença quer por receio daquilo com que poderá ser confrontado.
Somente cerca de 8% dos animais que lá chegam têm a sorte de ser adoptados, pelo que, para além da esterilização massiva e não procriação de animais, é urgente sairmos da nossa zona de conforto e oferecermos uma segunda oportunidade de vida aos que por lá se encontram.
Lamentavelmente, este retrato não será certamente único neste país, mas por de lá haver resgatado alguns animais, é aquele que conheço intimamente.

A curto prazo, algumas medidas muito simples - e de baixo orçamento - melhorariam substancialmente a vida destes animais... No caso do gatil, bastava substituirem as boxes por outras com base em metal (a fim de não lhes aleijar as patas e serem de fácil higienização), de preferência individuais para não se propagarem doenças (só mistas no caso de mãe e crias), com acesso a comida e água limpas e, igualmente essencial, a areia de gato, renovada uma vez ao dia, a fim de fazerem as suas necessidades de modo higiénico.
No caso dos cães, bastava boxes ao ar livre (como as da entrada) e sem recurso a correntes, umas mantas, e acesso a comida e água limpas.
Para além disso, seria igualmente de louvar que todos os animais passassem obrigatoriamente por uma consulta veterinária aquando da sua chegada, e posterior tratamento caso necessário.
Esta simples logística seria levada a cabo com a ajuda de auxiliares de veterinária, profissionais certamente mais aptos para o contacto com animais que o pessoal da Limpeza Urbana.

Para além destas medidas dignas de país de primeiro mundo, o maior ganho estará na prevenção, pelo que seria também essencial abraçar uma nova política de controlo do número de animais de rua.
Há muito que defendo que os canis municipais, ao invés de actuarem como um corredor da morte, deveriam aplicar os seus recursos na prevenção de nascimentos, atacando o problema na raíz e não somente de modo paliativo.
As Câmaras devem utilizar os meios que possuem, como veterinários e instalações, na esterilização massiva de colónias a fim de prevenir os nascimentos, não na morte de quem já nasceu.
Ao esterilizar os animais de rua, devolvendo à colónia de origem os não domesticáveis e colocando para adopção as crias e adultos sociáveis (alojados em espaços com boas condições de limpeza e nutrição, claro está), estar-se-ia simultaneamente a controlar a natalidade e promover adopções.
Deste modo - mais humano e racional - de lidar com um problema existente, todos sairíam vencedores... Os animais não perderiam a vida de forma desumana, os veterinários serviriam o propósito da sua vocação (salvar vidas), e os impostos de todos nós contribuiriam para uma sociedade de trato mais civilizado.

A fim de defender uma política de esterilização nos canis municipais, foi criada uma petição online, que deverá ser assinada até ao próximo dia 15 de Setembro.
É da maior importância que todos aqueles que partilham de uma visão mais humana no trato animal se juntem a esta causa, a fim de todos juntos colocarmos um ponto final nesta calamidade silenciosa.

Para finalizar, gostaria de acrescentar que, apesar de não serem imagens confortáveis para quem gosta de animais, aconselho *vivamente* a adopção de um animal num qualquer canil/gatil municipal.
Pode parecer contraditório após este relato, mas o facto é que se todos virarmos o rosto áqueles cães e gatos, ninguém os salvará por nós.
Há que resgatá-los (sem recurso às cruéis tenazes de metal com que os retiram das boxes - basta colocar a transportadora lá dentro), oferecer-lhes uma segunda oportunidade na vida, e divulgar ao máximo as péssimas condições em que são mantidos.
A estatística, terrível na sua enormidade, confirma que 92% dos animais que por lá se encontram não são adoptados, pelo que quer percam a vida ao 9º dia de estadia ou passado um mês, o seu final será sempre o mesmo. A morte.
Cabe-nos a nós fazer a diferença.

(Também protectoras dos animais, duas amigas resgatam os possíveis do canil/gatil municipal de Lisboa.
Podem acompanhar o seu progresso aqui - incluindo o da líndissima Luna, na foto - e ler o relato , na primeira pessoa, de uma delas).


Canil Municipal de Lisboa, Estrada da Pimenteira, Monsanto.
As adopções podem ser realizadas nos dias úteis entre as 9h30 e as 17h00, e no fim-de-semana mediante contacto prévio através do telefone 21 361 77 00.
Passados 20 dias da adopção, a esterilização é gratuita.



( Texto: Iolanda Mealha - Imagens: Alexandra Carvalho / Bazar dos RonRons )"
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